segunda-feira, 27 de maio de 2013

Os olhos da coruja estavam fechados

                               Matéria por :
Wellington Franke Jr

Os olhos da coruja estavam fechados.

Então, mais um ciclo da vida que se repete em eventos de cosplays e animes: uma produtora iniciante anuncia um “grande-mega-ultra-power-evento” para daqui há uns cinco meses logo depois que o cosplayer/otaku mal chegou do último evento reclamando que este foi horrivel, mau organizado, que se estressou com a desorientação dos auxiliares, que teve seu cosplay estragado, que o cronograma atrasou, que a comida era carissima, que os estandes estavam apertados, etc, etc, etc...

Ok, novo evento, produtora iniciante, bola pra frente, vai ser tudo diferente...

Só que não!

Chega o dia do “grande-mega-ultra-power-evento” e os mesmos dilemas se repetem, não importa qual é o mais importante contanto que leias a lista abaixo e conclua com a frase “...por falta de planejamento”:

* A lista de quem comprou ingresso vip on-line não chegou na portaria (…).

* A equipe (staf) não tem um chefe responsável para coordenar e delegar funções a eles (...).

* As lixeiras estão abarrotadas de sujeira, restos de comida e embalagens (…).

* O cronograma atrasa (…).

* O palco é menor do que anunciaram (…).

* Os brindes anunciados não chegam porque não tiveram tempo de resolver isso (…).

* Os estandes de venda são sufocantes e apertados (…).

* As portas de saída não tem controle de fluxo (…).

* A segurança lacra até nunchaku de equipe de demonstração de artes marciais (…).

* Convidados especiais ultrapassam o tempo no palco (…).

* Salas temáticas que ultrapassam o limite de segurança (…).

* Falta de opções culturais para os eventos (…).

* Falta de camarins para os cosplayers (…).

* Falta de setor de achados e perdidos (…).

No fim, mais um evento frustrado acaba, e reinicia mais um ciclo da dura vida de cosplayer/otaku que  vai até o computador reclamar dos erros e da desorganização.

Não sou frequentador assíduo em eventos de anime, apesar de conhecer uma galerinha muito bacana e dedicada em suas “fantasias”. Eles investem muito alto, comprando wigs (perucas coloridas), tecido, material como madeira, epoxy, plástico reciclado, led's e até papel (para confeccionar armaduras do Homem-de-ferro em pepakura, fibra de vidro, massa acrílica de automóvel e componentes eletrônicos para deixá-la mais realista e hi-tech). E deve ser frustrante para eles quando chega no dia do evento e os organizadores manda uma banana para o trabalho investido, pior ainda; quando há uma comissão julgadora para avaliar o cosplay num desfile, pessoas tão entendidas no assunto quanto Galvão Bueno narrando uma partida de Rúgbi e falando “isso vale Arnaldo?” toda vez que um jogador é derrubado pelo adversário.

O último AnimaSul estava sendo anunciado com a mesma expectativa de um evento mais organizado e enxuto; mas, que como de costume, foi mais uma decepção aos cosplayers que gastaram seu suado dinheirinho em mais um “programa de índio”.

O erro é o mesmo que todas as produtoras cometem, e certamente, o principal organizador da bagunça não vai ao local para conferir se estava tudo ok...

Ora, quem planeja um bom evento deve estar presente para garantir que tudo esteja saindo conforme o planejado. Só que não acontece, daí começam as mazelas e o caos toma conta, ninguém sabe o que fazer naquele lugar. Um exemplo vem do Anime RS de 2008 quando o organizador deixou o pessoal inteiro na mão, quando foram até o aeroporto buscar um grupo de Mágicos vindo de São Paulo e, como não tinham o dinheiro para pagá-los na hora, acusaram o responsável de ter sumido do mapa com o dinheiro da arrecadação e a atração não aconteceu, já que não foi concluído o negócio. Ah, e teve a polemica do ator vestido de super-herói que bateu nos cosplayers durante uma apresentação de última hora... Depois disso o Anime RS ficou para nunca mais voltar...

Das queixas que eu faço, uma aconteceu num evento grande no colégio São João na Zona Norte de Porto Alegre, organizei com meus colegas de artes marciais uma apresentação no palco principal, minha apresentação foi planejada e organizada para tudo sair direitinho, inclusive até enviei um oficio dizendo aos organizadores que iriamos comparecer com espadas reais para fazer cortes de material e que a segurança fosse avisada. Quado cheguei ao local, tudo deu certo; o pessoal já estava avisado e permitiu a minha entrada, exceto um colega que chegou depois e teve sua espada “lacrada” por um segurança que ignorou o pedido da auxiliar com a cópia do oficio. Até hoje a marca da cola está impressa naquela espada, e o dono ainda reclama da falta de respeito. Quanto a apresentação ela teve seus problemas como pessoas que desistiram encima da hora e o material que não foi trazido para realizarmos os cortes, mesmo assim, recorri a um “plano b” que não estragou a nossa apresentação, exceto pelo palco empoeirado e escorregadio que atrapalhou as nossas performances deixando a coreografia de luta robotizada. Também tinhamos uma trilha sonora pronta para a nossa apresentação, que também ficou a desejar pelo erro de comunicação com o DJ que usava um mero Notebook, o cara passou a decidir quais as musicas que seriam usadas; não podia usar a trilha do Mortal Kombat por que um outro grupo usaria essa mesma trilha na apresentação deles. Ora, o que o rabo tem a ver com as calças?

Veja bem! Uma apresentação programada, com meses de antecedencia e preparo, inclusive com um “plano b” na manga.

Outra queixa que tenho é quanto a uma pseudo-escola de artes marciais que vem transformando salas de aula em estandes de arquearia. Além do pessoal ser muito noob em arquearia, não há cerimônia para que qualquer pessoa pegue num arco e saia atirando flechas correndo riscos de atingir alguém por acidente, fiz minha queixa ao promotor do evento, mas não adiantou nada já que os arqueiros noob's enrolaram o cara até não poderem mais e o mesmo não vai ao evento para conferir se está indo tudo no lugar... No evento seguinte, apareceram de novo e mais uma vez, ninguém se tocou que haviam pessoas inexperientes usando armas reais e perigosas.



Sugiro então, que a produtora autorize uma escola de tiro criar uma sala temática em homenagem à Gunsmith Cats e permita que cosplayers dêem alguns tirinhos “de trivela” alá “Wanted” (filme de 2008 com Angelina Jolie). Ou um grupo temático de Samurai que permitam as pessoas manusearem espadas afiadas para cortar varas de bambu verde...

Qual seria a solução para esses eventos?

Sugestões não faltará para que um evento seja bem exitoso, o problema em geral, é que não há planejamento adequado! Se o organizador começar seu planejamento desde o mapeamento do local até a delegação de funções, já tem um bom começo... O problema, é que pelo andar da carruagem, o pessoal da produção se importa mais em alavancar o projeto e vender ingressos acima do permitido para só então, pensar na execução do evento encima da hora. E o pior, é quando o principal organizador não comparece ao local para ver como tudo está saindo...

Acho que esses organizadores não aprenderam nada com o dia 27 de janeiro de 2013.

Sempre deve se pensar nas provabilidades das coisas não funcionarem corretamente; tá certo que a segurança é primordial, mas, a qualidade é essencial! Se não há projeto, treinamento, orientação e organização, certamente teremos mais um “grande-mega-ultra-power-evento” frustrado e longas listas de reclamações, queixas e xingamentos no Facebook... Acho que já chega desse pessoal ficar anunciando salmão defumado e vendendo sardinha em conserva.

Há muitos eventos que poderiam ser de grande sucesso se não acontecesse esses problemas por falta de interesse e descaso dos organizadores que não buscam soluções para todos esses dilemas que se repetem sempre...

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